Recentemente fomos confrontados (e até sobressaltados!) com um ponto de viragem no ciclo político tradicional que, apesar de expectável, aconteceu na Grécia, onde foi quebrada uma hegemonia governamental dos partidos do Centro Direita e Socialista, os quais ao longo da história democrática deste país foram alternando no poder, abrindo agora passagem à Coligação de Esquerda Radical, mais conhecida no mundo pela abreviatura de Syriza.
Depois destes factos, é possível retirar algumas ilações capazes de traduzir o estado de espírito dos cidadãos gregos, de modo a objectivar os resultados eleitorais verificados:
1- Descontentamento e desilusão pelas políticas “tradicionais” que vigoraram até à data no Estado Helénico;
2- Descrédito e insatisfação pela classe política e pelo seu sucessivo e falhado desempenho de funções;
3- Procura insaciável de alternativas que transmitissem esperança e confiança ao país, mas sobretudo às gerações mais jovens.
Estas três premissas, aliadas à frágil situação económico-financeira e à instabilidade do estado social (ambos expostos e esmiuçados pelos Média, desde a crise de 2008), empurraram os eleitores gregos para os “braços” de uma organização radical, baseada, por uma lado, num discurso ofensivo quanto às políticas e opções dos “parceiros institucionais” (BCE, FMI e C E – na linguagem corrente, a Troika) e, por outro lado, com o recurso às promessas de facilidades para iludir um povo saturado e empobrecido com tantas medidas de austeridade.
No entanto, é essencial relembrar que a legitimidade do novo governo grego é exactamente igual à dos seus antecessores e também idêntica à dos restantes governos europeus eleitos, faltando agora colocar em execução todas as medidas e propostas que irão ser postas em prática (após validadas e aprovadas pela UE), tanto no curto como no médio/longo prazos do seu mandato.
Por conseguinte, pese embora as diferenças, fazendo a transposição para o panorama local, o Partido Socialista tomarense (vencedor das eleições de Setembro 2013) enveredou por um “roteiro político”muito idêntico ao dos radicais gregos, isto é, optou por elaborar um programa eleitoral que assentava em “medidas fáceis” para resolver a maior parte das debilidades/fragilidades do concelho nabantino, nomeadamente:
- questões relativas ao mercado municipal e à zona do flecheiro;
- matérias respeitantes à falta de investimento privado e à criação de emprego;
- questões referentes à divida autárquica e ao serviço da divida, entre outras.
Todavia, volvidos praticamente dezoito meses do mandato socialista, os tomarenses ainda esperam (e até desesperam!) pelas promessas eleitorais que lhes foram anunciadas, pois pela forma como foram apresentadas seriam objectivos “básicos” e de fácil resolução, onde os anteriores executivos tinham tentado intervir mas sem resultados palpáveis para os nossos conterrâneos (provavelmente por serem matérias demasiadamente “simples”!…)
Em suma, o governo grego ainda está com algum tempo e em situação de esclarecer os eleitores sobre o cumprimento das suas propostas, o quanto estas terão que ser rectificadas e adaptadas à realidade do seu país, e até já conseguiu da U.E. uma dilatação do prazo de 4 meses para a sua economia “respirar”, ao contrário dos socialistas tomarenses que continuam a “sufocar” a economia local, e estão agora sujeitos a uma verdadeira “grande prova dos nove” da governação concelhia, obrigando-os a multiplicarem-se em explicações e justificações perante o eventual (e mais que provável!) falhanço das suas principais bandeiras eleitorais.
Guilherme Silva
Secretário-geral da JSD Tomar
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