A circunstância de ter presenciado
as recentes reuniões do executivo da Câmara Municipal, sugere uma reflexão
acerca da efectividade, e dos resultados políticos, dessas reuniões. É essa
reflexão que partilho hoje.
Retém a atenção o chamado Período
Antes da Ordem do Dia (PAOD), que preenche a parte inicial de cada reunião. É o
período politicamente mais significativo, sendo para a Oposição o espaço e a oportunidade
para expressar reparos e sugestões acerca da governação e das políticas camarárias
(ou da ausência delas), e para dar eco a justas preocupações da população.
O PAOD é pois a parte das
reuniões em que pode ser feita política, no seu sentido mais correcto. Nele podem
ser questionadas opções e orientações, e podem ser sugeridos rumos diferentes
para a governação municipal; e podem também ser confrontados argumentos e
apuradas realidades. No interesse da População.
Infelizmente, a
situação com que deparámos, conduz a alguma descrença na efectividade política do
funcionamento da Câmara de Tomar.
Aquilo a que se assiste é à
formulação de questões válidas, pela Oposição, mas que ficam sem resposta certa
e sem esclarecimento capaz.
A Presidência da Câmara responde
o que quer, muitas vezes em discursos de circunstância, mostrando até alguma mestria
no uso da palavra e na manipulação de situações...mas apenas rodeia ou adia, improvisa
e não concretiza as matérias.
À Oposição cabe nestas
circunstâncias uma responsabilidade acrescida em trazer de volta realismo e rigor
para as reuniões. E esse é um esforço que implica perseverança e resistência, e
também paciência e vontade.
É do equilíbrio deste balanço que
resulta a verdadeira qualidade da governação de uma Câmara, a criação de
oportunidades de progresso e desenvolvimento, e a defesa e promoção dos
interesses da População.
Em conclusão: não parecem estar a
ser seguidas as melhores opções para que as reuniões da Câmara de Tomar sejam politicamente
produtivas.
Em democracia, uma situação de
maioria absoluta representa um dos exercícios mais difíceis que existem para uma
Oposição; e uma situação muito cómoda para quem está no Poder.
O equilíbrio, e a qualidade dos
resultados finais destas posições dependem da atitude de quem detém o Poder, se
for mais ou menos dialogante, ou se for mais ou menos impositivo.
Em Tomar, estamos infelizmente no
estado menos dialogante e mais impositivo, com a governação da câmara
excessivamente virada para si própria. E é assim que todos ficamos a perder,
devido às vistas limitadas e às ambições pessoais que imperam. Falta
efectivamente um esforço para a Cidadania.
António Lourenço dos Santos
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