Srª Presidente,
O conjunto de especulações,
acusações, imputações e até incriminações levantadas pela coligação de
esquerda, levaram a que os vereadores do PSD fizessem uma análise cuidada sobre
os documentos que, segundo até um membro deste executivo, “foram varridos para
debaixo do tapete”
Com efeito, era nossa intenção,
nesta reunião, requerer uma relação detalhada de quais as faturas, no montante
aproximado de 3,8 milhões que V. Ex.ª anunciou que não se encontravam
contabilizadas em sistema informático, desde o ano de 2008, o que, confessamos,
nos deixou bastante surpreendidos, mas a acreditar que as instituições iriam
averiguar a verdade no sentido de corroborar ou contradizer essas suas
afirmações.
Contudo, no sítio da Câmara
Municipal foram disponibilizados esses mesmos documentos o que nos permitiu
fazer desde já uma pequena análise e emitir a presente declaração que deverá
constar em ata.
Ora, na última reunião da Câmara
Municipal, a Sra. Presidente afirmou que havia 3,8 milhões Euros de faturas não
contabilizadas e que assim não faziam parte da dívida da Câmara Municipal de Tomar.
Estranhamos, desde já, que essa
informação não tivesse sido prestada 15 dias antes, aquando da apresentação das
Contas do Município do ano 2013, na Câmara e na Assembleia Municipal.
Será que tenha a ver com o facto
de se ter escolhido precisamente a reunião de Câmara que a coligação PS/CDU
anunciou o fim do Festival das Estátuas Vivas, de forma a anular o seu impacto
negativo junto da população?
Mas vamos aos factos,
Após a análise detalhada das
faturas em causa, verificámos o seguinte:
1)
Contrariamente
ao afirmado, os 2,3 milhões Euros da ADSE estão contabilizados, fazem parte da
dívida da Câmara Municipal. Com efeito, basta verificar a Pág. 210 do Relatório
das Contas de 2013 e lá está perfeitamente identificado esse valor como dívida,
o que se reflete, obviamente, no Balanço Final na pág. 6;
2)
Por
outro lado, existe cerca de 1 milhão Euros de Juros debitados pela PARQT, que,
como sabe e não pode negar, a Câmara Municipal não reconheceu esse valor, dado
que o acordo do pagamento dos 100 mil Euros mensais eram para abater na dívida,
e não para pagamento de juros como pretendia a PARQT,
3)
E,
como também não pode negar, porque a taxa de juro debitada era muito superior à
taxa de juro constante do Acordo aprovado em Tribunal Arbitral. Assim sendo,
dada esta desconformidade, esses pagamentos e os juros encontravam-se em
discussão, análise, litígio e contencioso entre as duas entidades. (Câmara e
Parq T)
4)
De
qualquer forma, consta-se que esses juros, à taxa referida no Acordo, estão
registados no Passivo como acréscimo de custos afetando, uma vez mais, o
Balanço Final e, na forma de cálculo utilizada legalmente até final de 2013, o
cálculo do endividamento e seus limites.
5)
Quanto
aos restantes 500 mil Euros, parece-nos que estes advêm fundamentalmente de
três situações:
a)
Faturas
no valor de 144 mil Euros relativas aos serviços jurídicos e de contencioso, prestados
pelos advogados que acompanharam o processo da PARQT , durante vários anos, e
que foram apresentadas após a conclusão do processo (Acordo no Tribunal Arbitral).
b)
Notas
de débito/faturas de juros de mora relativos a atrasos nos pagamentos a várias
empresas e que, segundo se sabe, a Câmara Municipal se encontrava a negociar pois
considera não serem devidos (exemplos: Gesinserde com um total de 66 Notas
Débito/Fact. no valor de cerca de 50 mil Euros e José Marques Grácio com 17
Notas Débito/Fact. no montante de 25 mil Euros, entre ouras).
c)
Faturas
em duplicado (por exemplo, José Marques Grácio, S.A.) ou anuladas
posteriormente pelos fornecedores e que não foram referidas por estes nas
reconciliações efetuadas com fornecedores no encerramento de contas, numa
listagem apresentada sem qualquer cuidado ou conferência, apenas com o objetivo
de denegrir e promover falsas acusações tentando desviar as atenções do
essencial.
6)
Conclui-se,
portanto, que dos 3,8 milhões referidos como não constando na Dívida da CMT,
2,3 milhões Euros da ADSE estão DE FACTO contabilizados e portanto estão
incluídos na dívida, e o restante tem a ver com os factos acima expostos, e
que, certamente, podem ser confirmadas pelos responsáveis dos respetivos
Serviços a que dizem respeito.
Face ao exposto, e tendo em conta
as graves acusações que foram proferidas publicamente pela Sra. Presidente da
Câmara, vereadores da Coligação e pelo Partido Socialista e que tiveram grande
destaque na comunicação social e consequentemente na opinião pública,
perguntamos: O que vai fazer a Sra. Presidente ou a Câmara Municipal para repor
a verdade?"
Tomar, 26 de Maio de 2014